Mundo DSE

As crônicas de um homem desconectado.

Acordo de manhã cedo para trabalhar. Lavo meu rosto, tomo meu café e vou para o ponto de ônibus. São aproximadamente 6:50 da manhã, mal consigo segurar os bocejos que vão tomando conta de mim. Na minha face é possível enxergar um cara que dormiu mal e teve alguns pesadelos que ocasionaram algumas olheiras um tanto grotescas.
Ao olhar para o lado, vejo uma cena normal hoje em dia: uma menina de uns 11 anos esperando o ônibus do colégio teclando com alguém via SMS.

Um dia a dia offline

Logo, um pensamento invade a minha cabeça: aqui estou eu, mal consegui acordar, ainda não adquiri a cordenação motora para caminhar chegando ao estado em que preciso olhar para o chão para não tropeçar  e estou fazendo um esforço tremendo para poder seguir esse raciocínio, quem me dera teclar com alguém no celular, no máximo uma mensagem de bom dia para algum amigo que não responderia porque provavelmente também estaria em estado de “zumbificação” matinal no qual eu me encontro neste exato momento.
E apesar deste estado catatônico em que meu corpo e meu psicológico se encontram, a menina loirinha de olhos azuis com a mochilinha da Moranguinho e capa do iPhone de bolinhas coloridas está teclando com algum amiguinho ou amiguinha através de SMS ou redes sociais, ou até mesmo os dois juntos simultaneamente. Será que as mulheres não passam pela fase zumbi quando acordam? Será que o estado zumbi das mulheres faz com que elas ajam de forma automática, permitindo que elas possam responder sms’s em plena madrugada? Não vêm ao caso.
Passados alguns minutos, já estou no ônibus e seguindo em direção à minha empresa, sento ao lado de uma moça muito atraente, vestindo uma roupa rosa “pink” (afinal nunca entendi essa cor!) com um decote atrativo, usando um perfume extremamente doce daqueles que te fazem sentir a sensação de que caiu em uma piscina de algodão doce (éca!) e com fones de ouvido.
Até aí tudo certo, até que dispara um toque de SMS (sim ela novamente) e a moça que estava aparentemente dormindo imediatamente responde a mensagem com uma velocidade que faria com que o Flash se sentisse uma lesma ao lado dela. Após a resposta imediata a nobre señorita volta ao seu estado de hibernação profunda.
Volto meu olhar, que já não está mais tão horrível, para o resto do ônibus e avisto mais algumas garotas seguindo o mesmo padrão de resposta imediata, fico me perguntando: será que essas pessoas não passam pelo estado crítico psicológico matinal? Logo me bate um sentimento de inveja!
Após chegar no ponto de bus em que desço para ir trabalhar ainda preciso caminhar alguns minutos até chegar ao meu destino, minutos esses que são essenciais para o despertar da minha mente, do meu corpo e da minha alma. Já conseguia caminhar olhando para a frente, sem precisar monitorar meus passos, as vezes com alguns tropicos, mas aos poucos ganhava novamente a cordenação dos meus movimentos.
Novamente, passa por mim uma moça com o celular na mão num movimento frenético de digitação, e o mais impressionante, ela estava andando ao mesmo tempo, que fantástico (e que inveja)!
Chego no trabalho, cumpro minha rotina de trabalho (escravização) diária e vou para a casa. já são aproximadamente 20:33, combino de sair para um barzinho com uns amigos, daqueles bons de verdade e partimos rumo ao bar.
Estávamos conversando sobre mulheres (pra variair!) até que começam a disparar os toques de mensagens dos celulares dos cavalheiros que gentilmente e descaradamente respondiam-nas na maior cara de pau, cortando completamente o assunto e sempre com a famosa e célebre frase que me deixa um tanto quanto extremamente fuckin’ puto:
Do que estávamos falando mesmo? – By Filha da Puta!
Que situação chata eim! No exato momento, na minha mente começam a pipocar alguns pensamentos e questionamentos. Será que precisamos estar sempre conectados? Será que precisamos realmente responder a todas as mensagens que nos é mandada, nem que isso custe deixar a pessoa que estamos conversando a ver navios? Será que isso não é falta de educação, e coisa de filha da puta? Não sei responder, num mundo hiper conectado o conceito de educação já se transformou, afinal, não é educado deixar de responder a sms de alguém né? Essa pessoa pode ficar triste com você e acabar te excluindo das redes sociais e não queremos isso não é?
No dia seguinte, num sábado mais precisamente, encontro um barzinho bacaninha com a seguinte frase em cima do balcão:
Não temos Wi-Fi, conversem entre vocês mesmos. – By Alguém sensato.
Quem sabe eu prefira meu estado catatônico matinal, pelo menos nele eu me mantenho numa posição em que esse tipo de coisa não me afeta, porque afinal zumbis não pensam né? Cada vez que me deparo com situações similares fico pasmo sobre como as redes sociais e a facilidade da comunicação aproxima e afasta simultâneamente as pessoas. Agora, se me dão licensa amigos, vou ali devorar alguns cérebros.

Editor

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